A artista chilena Angie Saiz propõe uma configuração, a partir da paisagem simbólica de Vouzela, de uma coleção de poemas audiovisuais que dialoguem com o estado de normalidade frágil atual, uma que é descartável, instável e vulnerável. Através de um trabalho de cartografia, documentação e produção artística, a residência artística é entendida como um espaço urgente de criação, uma oportunidade de retomar práticas suspensas e uma possibilidade de reencontro com outras pessoas. O projeto joga com o conceito de ecótono – do grego eco- (oikos ou casa) e tom, (tonalidade ou tensão): zona de transição natural entre dois ecossistemas diferentes ou fronteiras ecológicas–usando essa noção de biologia deslocada para o contexto geográfico, para a arqueologia, a história e a natureza, enquanto fontes de construção da memória-esquecimento pessoal e coletiva.
Angie Saiz (n. Santiago, Chile 1977) é uma artista visual com produção de obras em pintura, fotografia, intervenção pública, video instalação e arte sonora. O seu trabalho desenvolve problemas estéticos a partir do imaginário biográfico, a intersecção e crise entre as velhas-novas tecnologias e os conceitos de tempo, limbo e ruína. Expôs em importantes espaços do Chile, como o Museu MAC de Arte Contemporânea, o Museu MAVI de Artes Visuais e a Galeria Metropolitana. Também realizou residências artísticas, exposições e curadorias na Itália, Brasil, Argentina, Colômbia, Equador, México e Estados Unidos. Além disso, é editora e produtora de artes visuais. Atualmente vive e trabalha realizando projetos expositivos e curatoriais, dentro e fora do Chile