“Há três coisas em Longroiva que bem empregadas são: são os sinos e as águas e a Senhora do Torrão”. Assim costuma dizer-se no canto popular, aqui evocado por Celeste Monteiro, e também no coração de todos quantos têm amor a esta terra.
E é com paixão que Celeste Monteiro fala do tempo que assumiu a concessão das Termas de Longroiva. Na época, juntamente com o marido, “lançou 10 escudos pela exploração das águas” e dada a ausência de outros interessados, pôs mãos à obra.
“Havia uma caldeira grande, a lenha, para tirar a água quente, que era acartada nos cântaros de lata para as banheiras”, recorda. Levavam três ou quatro medidas, cada.
A jornada arrancava cedo. O seu marido dava os primeiros banhos, às quatro da manhã, começando pelas pessoas que estavam alojadas no edifício termal e que, após o tratamento, voltavam para a cama para repousar. Seguiam-se as que vinham de fora.
“Os banhos quentes eram a cinco escudos e os banhos de limpeza eram 25 tostões”, conta, acrescentando que tomava nota de cada um com um risco nos seus apontamentos. Durante o procedimento, que durava entre 20 a 30 minutos, ia batendo às portas para confirmar se estavam todos bem.
Eram tempos de muito trabalho, mas também de alegria e convívio, realça, com saudade, Celeste Monteiro, que “tinha um dom” para cuidar dos outros.