Em 1994, juntou-se um grupo de homens que defendia a criação da Assembleia de Compartes de Rebordinho, por considerar que “os rendimentos dos baldios deviam ser cá gastos e não nas outras povoações”.  Após a convocatória, no edifício da Escola Primária fizeram-se a reunião e as votações, e, embora “ainda houve quem estivesse contra, os que votaram a favor ganharam”. Formaram-se, então, os Compartes de Rebordinho e Malhadouro.

As memórias são contadas por António Batista, que fez parte do primeiro Conselho Diretivo, que foi presidido por Celestino Tavares.

No desfiar dos acontecimentos, lembra que “foi feito um protocolo com a Câmara de Vouzela, para passar o aterro sanitário para um local que fosse adequado”, tendo sido escolhido o terreno das “Cavadas”. O acordo era por dois anos, mas acabou por não chegar ao término, dado que os municípios da região se agruparam para fazer o tratamento comum dos resíduos.

Em contrapartida, a autarquia fez uma estrada alcatroada de acesso à lixeira, com cerca de três quilómetros.

A trabalhar para o bem comum, os Compartes concluíram com sucesso as negociações para a exploração de uma pedreira e realizaram algumas vendas de lotes de madeira em hasta pública, à medida que se fazia a gestão dos baldios. Com os rendimentos, António Batista recorda que foi possível fazer caminhos, comprar uma cisterna e um trator, e construir o “salão para divertimentos” que é um orgulho para a comunidade, além da aquisição da antiga Escola Primária à Câmara de Vouzela.

Quando as obras apareceram, a população rendeu-se às vantagens da Assembleia de Compartes.

Apesar de alguns problemas e dificuldades pelo caminho, defende que a gestão “tem corrido bem e têm-se feito muitas obras”, pelo que faz um “balanço positivo”.

Entrevista realizada no âmbito do projeto “A Valorização dos Baldios de Rebordinho e Malhadouro”.

Uma coprodução entre a Binaural Nodar e a Comunidade Local dos Baldios de Rebordinho e Malhadouro, com o apoio do Município de Vouzela e da Junta de Freguesia de Campia.