A criação e gestão da Assembleia de Compartes dos Baldios de Rebordinho e Malhadouro era um assunto “mais de homens”, como foi o caso do irmão de Celeste Fernandes, que neste testemunho recorda também outros nomes ligados ao processo.

Sendo taxista de profissão, tal como o marido, tinha uma vida muito ocupada e que nem sempre permitia acompanhar as reuniões, mas reconhece que o seu esposo era um entusiasta do projeto.

“As pessoas aderiram bem”, nota, defendendo que os trabalhos foram facilitados pelo fato de ser uma “aldeia onde reina a ordem, a união e a amizade”, com “um espírito de camaradagem” que vem de longe. “Rebordinho não é uma aldeia como as outras”, sublinha.

Olhando em retrospetiva para os 30 anos da coletividade, não tem dúvidas de que “trabalharam bastante” e fala de “um balanço bom” e “em prol de todos”. “Após a legalização, foram feitas muitas obras. Antes não tínhamos nada e foram feitos muitos melhoramentos”, destaca, dando como exemplos a mais-valia da exploração das duas pedreiras, a beneficiação de caminhos e a Casa dos Compartes, que se tornou num centro nevrálgico para a comunidade ao longo do ano. 

Como habitante, Celeste Fernandes aponta, no entanto, outros aspetos que devem ser melhorados, como a verificação das “poças de água, que podem ser úteis em caso de incêndio”. Entre projetos mais arrojados, gostava que fosse instalada a rede de saneamento básico e considera que a construção de uma piscina pública também iria valorizar a aldeia. 

Entrevista realizada no âmbito do projeto “A Valorização dos Baldios de Rebordinho e Malhadouro”.
Uma coprodução entre a Binaural Nodar e a Comunidade Local dos Baldios de Rebordinho e Malhadouro, com o apoio do Município de Vouzela e da Junta de Freguesia de Campia.