Munidos de cajados, os criadores de bovinos vão chegando à arena improvisada, ao ar livre, e exibem os seus animais. O orgulho é desmedido e proporcional à pujança dos exemplares da raça arouquesa, cuja beleza fazem questão de realçar.

Chegada a hora, cada parelha é espicaçada e encaminhada para o centro do terreno, perante uma recheada e expectante plateia vinda de vários pontos da região. Como um legado cultural, as gerações mais antigas trazem os jovens e iniciam-nos na tradição das chegas de bois.

Na arena, os opositores avaliam-se e, numa atitude desafiadora, começam a esgravatar a terra com as patas dianteiras, aproximando-se mutuamente. Para gáudio dos aficionados, que vão incitando o seu favorito, as testas encostam-se e os animais começam numa dança de pesados corpos, em que cada um vai empurrando à vez, mostrando a sua bravura e astúcia.

Depois de alguns períodos de descanso, a parelha volta a investir, os bois entrelaçam os seus cornos e, com violência, marram e empurram-se, até que o vencedor saia triunfante.

Além de serem uma tradição ancestral em algumas serranias do Norte e Centro de Portugal, as chegas de bois fazem parte do imaginário popular das comunidades, associadas a dias de festa, momentos de convívio e promoção da gastronomia, além de contribuírem para valorizar as raças autóctones, com destaque para a raça de arouquesa.

Em Manhouce, pleno maciço da Gralheira, esta chega de bois foi registada em maio de 2014, numa organização do Município de São Pedro do Sul, Junta de Freguesia de Manhouce e ANCRA – Associação Nacional dos Criadores da Raça Arouquesa.