MEMÓRIAS LÍQUIDAS
Um espetáculo/instalação da Binaural Nodar
Sábado, 8 junho às 18h00
Av. Aurélio Gonçalves (Caldas da Felgueira, Nelas)

Água santa das fontes perdidas nos montes,
água joanina e batismal que lava os pecados e purifica a alma.
Águas caldas que brotam da profundidade da terra.

A primeira referência às águas termais da Felgueira encontra-se nas “Memórias Paroquiais”, um questionário encomendado, em 1758, pelo Marquês de Pombal e enviado a todos os bispos das dioceses do reino, para que fossem respondidos pelos seus párocos e remetidas as respostas à Secretaria de Estado dos Negócios do Reino. O documento dá conta da existência de uma nascente sulfúrica quente no limite do Lugar de Vale de Madeiros. “No ribeiro chamado das Caldas, lemite do lugar de Val de Madeiros, sohe a huma ilharga do sito ribeiro ágoa quente e súlfurea, que bebida tem feito bem a algumas obstruçõens de estômago, mas som pouco uzadas as ditas ágoas”.

Ou seja, já aqui era conhecida uma nascente de água quente e sulfúrea, indicada para males de estômago. Esta seria utilizada por pastores, dado que era um sítio onde passavam os rebanhos em transumância, desde a Serra da Estrela, e ali saravam as feridas das patas dos animais. Fez-se, assim, a dedução de que se era boa para os animais, também o seria para os homens.

Já no final do século XVIII, é registada a primeira utilização terapêutica, com a cura de uma doença de pele do Padre José Lourenço, com a água extraída de um poço neste lugar. No século XIX surgem os primeiros equipamentos, com o padre José Inácio de Oliveira a mandar construir um barracão dedicado aos banhos e, em 1818, a capela do Bom Sucesso.

No contexto do evento “Águas de Junho”, promovido pela Associação de Desenvolvimento do Dão e pelo Município de Nelas, contando com a colaboração da Junta da Freguesia Canas de Senhorim e da Junta da Freguesia de Nelas e sendo financiado pelo Programa PDR2020, no âmbito da operação PDR2020-103-056667, a associação Binaural Nodar dá vida à história documental e oral das Caldas da Felgueira, através de um espetáculo/instalação itinerante no qual se cruzam elementos poéticos e coreográficos, instalações visuais e sonoras, assim como excertos das dezenas de recolhas sonoras e audiovisuais efetuadas com a comunidade das Caldas da Felgueira desde 2019.

Ficha técnica e artística:
Ideia original, textos e voz: Luís Costa
Peça sonora: Rui Costa e Natividad Plasencia
Interpretação ao piano: Ana Clara Souza
Interpretação coreográfica: Ana Beatriz Silveira
Concepção de instalações visuais: Liliana Silva e Luís Costa
Montagem de instalações visuais: Liliana Silva e Nely Ferreira
Seleção de excertos audiovisuais: Andreia Mota e Nely Ferreira
Desenho gráfico: Liliana Silva

A Binaural Nodar é uma entidade cultural apoiada pelo Governo Português – Cultura | Direção-Geral das Artes.