Augusto Antunes cresceu numa “casa modesta” em Campia – Vouzela, com as brincadeiras e peripécias próprias da idade. Tendo em conta que o pai foi muito cedo para a Venezuela, viveu sem a figura paterna, mas isso permitiu-lhe, por outro lado, ter as condições económicas para estudar.
Fez a instrução primária, o liceu e foi para a tropa para Mafra, como oficial miliciano. Especialidade em minas e armadilhas, foi, em 1963, mobilizado para Moeda, que era, à época, a zona mais perigosa de Moçambique.
Dada a sua missão, sofreu um acidente que o obrigou a ser evacuado de avião para o hospital de Marrere, em Nampula, e, mais tarde, a regressar à Metrópole, onde veio fazer tratamento para Lisboa. Ainda tentou voltar para o batalhão, “uma equipa com muita amizade e camaradagem”, mas sem sucesso, pois já tinha o tempo de serviço cumprido.
Assim, pediu para vir para Viseu, onde veio comandar uma companhia, e ingressou na GNR, tendo passado pelas Janelas Verdes. Daqui recorda a visita do General Spínola, “um homem extraordinário, humano e acessível”.
Já no seu regresso a Viseu, dá-se o 25 de abril, uma época que o coronel Augusto Antunes associa ao diálogo e à calma para combater o ambiente em polvorosa e as escaramuças que se seguiram. “As pessoas estavam feridas de asa. E nós tínhamos que as acalmar. Isto vai melhorar. Tínhamos que acalmar as hostes. A nossa parte era apaziguar. E nunca tivemos grandes problemas”, recorda, garantindo que “encontraram gente extraordinária, de grande coração” e que a força raramente foi necessária.
Uma das missões foi também acompanhar as campanhas do Movimento das Forças Armadas, nem sempre bem aceites, dando apoio e suporte às populações. “Foi a partir daí que se fez muita obra pelo país. Valeu a pena”, nota o responsável, destacando uma vivência extraordinária nos locais por onde passou.