Sob a luz da lanterna de petróleo, a distância entre a povoação de Outeiro de Lourosa e a igreja velha de São Miguel do Mato fazia-se por pinhais e “caminhos ruins”.
A situação não era fácil, o que levou a comunidade a pensar numa solução. Acabado de chegar à paróquia, o Padre António de Almeida de Oliveira e Silva deu corpo à vontade dos fiéis e começou a fazer-se a igreja nova.
Para angariar fundos, o povo juntou-se para fazer cortejos de oferendas, em que as raparigas seguiam com um cestinho à cabeça e os rapazes com um bacalhau à cinta.
Como “tudo era remediado, trabalhava-se muito nas terras” e os produtos também eram doados para a arrematação, sendo as batatas, as cebolas ou os bens de maiores dimensões carregadas em carros de vacas até ao recinto onde viria a nascer o novo templo.
“O dinheiro era usado para as obras”, explica Maria Helena Mendes, residente em Outeiro de Lourosa, recordando que “o senhor padre António era muito desembaraço”. Como “tinha muitos conhecimentos”, foi, inclusivamente, “ao Brasil pedir ajudas”.
Da igreja velha “só se aproveitaram as imagens”, enquanto o novo e moderno templo deu resposta às necessidades da paróquia, ficando numa boa localização e com bons acessos. “O padre deixou tudo muito bem preparado”, salienta a moradora.
Já sob a égide do atual pároco, padre Francisco Domingos, a igreja antiga, que estava bastante degradada, tem vindo a ser requalificada.