Orquestra fluvial para uma ruralidade futura
A obra de Vittoria Assembri visa criar um cenário rural futuro a partir de um conjunto de vozes, gestos quotidianos e outros elementos visíveis e invisíveis, humanos e não humanos: discursos, canções, pequenas histórias, chamamentos, versos, colheitas, objetos e materiais. Esta orquestra multivocal, gravada entre as duas aldeias de Reriz e Vila Nova e disseminada nas duas margens do rio, não é um testemunho nostálgico da ruralidade, mas sim um espaço ativo e crítico a partir do qual é possível imaginar novas narrativas especulativas e uma nova memória coletiva do futuro rio rural.
Vittoria Assembri é uma artista italiana que investiga relações entre a arquitetura e o som. A sua prática explora territórios considerados marginais, do ponto de vista simultaneamente arquitetónico e sonoro. A artista centra a sua investigação na regeneração de espaços urbanos como a recuperação do património edificado que busca sentidos de sociabilidade sustentável e de diversidade social. A sua pesquisa desenvolve-se em torno da noção de Terceira Paisagem, uma condição, oblíqua e não convencional, de espaços abandonados investidos por formas espontâneas de outras espécies.
Esta residência artística faz parte do ciclo ‘Água doce, água salgada’, um projeto de cooperação entre a Binaural Nodar (Viseu Dão Lafões, Portugal) e Amaneï Salina (Ilhas Eólias, Itália).