Oriundo de uma família de nove irmãos residente em Nogueira de Côta, no concelho de Viseu, Ernesto Fernandes da Costa, filho de pais lavradores, foi aos 10 anos servir para uma casa em Alvelos – Cavernães, no mesmo município, onde guardava ovelhas.
Da sua infância, recorda os traços marcantes da ruralidade e faz questão de evocar também o ritmo alegre e quase festivo que acompanhava os trabalhos no campo. Era gente pobre, mas divertida, garante, lembrando os bailes, muitas vezes ao som da concertina, que animavam o largo da aldeia aos fins-de-semana.
Depois de ter passado cinco meses na construção, em Lisboa, surgiu o desafio da emigração. Foi para Pau, em França, com o contrato que o irmão lhe conseguiu.
A primeira noite da viagem passou-a no comboio, sendo à chegada acolhido em instalações arranjadas pelo patrão. Era um período de pobreza naquele país, cuja economia estava ainda a recuperar.
A inspeção de saúde obrigatória e as peripécias vividas no trabalho também fazem parte do relato que Ernesto Fernandes da Costa nos faz e no qual conta que, com o primeiro ordenado, após sete meses de trabalho, comprou um relógio e pagou a quem tinha pedido ajuda.
Mais tarde, após o casamento, a sua esposa deixou igualmente Portugal e o casal viveu ainda mais de uma década no estrangeiro, passando por destinos como Annecy e Marselha.