O artista propôs trabalhar a temática da emigração a partir do conflito entre o rural e o urbano, contudo, sem o objectivo de apresentar o rural nos seus lugares-comuns de isolamento. Afirmando que a velhice ou até decadência, a memória da ruralidade é, muitas vezes, apresentada a partir deste prisma: rural como velho, urbano como novo. A sua experiência de investigação acerca da emigração Beirã para Lisboa trouxe-lhe uma certa sensibilidade que pretendeu desenvolver: de que forma é que a memória enquanto pré-requisito do ser se relaciona com o conflito quase freudiano do sonho e do percurso real das vivências dos trabalhadores e dos povos de qualquer região. A memória, que muitas vezes funciona enquanto validador da realidade (“Isto Aconteceu”, “Isto esteve aqui”), tem dentro de si adialética entre o oficial e o oficioso/o escrito e o falado/o registrado e o transmitido.
Trabalhar a temática da emigração, bem como a dialética entre a memória rural e urbana, exige da parte de qualquer artista uma forte componente de investigação. O mesmo surge como condição obrigatória ao artista que, como Araújo, se propõe a entrar no espaço do arquivo.
Nesse sentido, Araújo propôs que a prática artística tivesse como base o tratamento do arquivo enquanto ferramenta primordial. O âmbito da sua investigação artística, para o Mestrado-Justamente acerca deste Binómio entre o arquivo e o médium audiovisual – torna também mais imediato o enquadramento conceptual às práticas do arquivo, uma vez que poderia enquadrar a sua investigação à prática artística a desenvolver na residência. Do mesmo modo, o percurso inverso pode ser feito, isto é, enquadrar os trabalhos produzidos enquanto referências da dissertação de mestrado.
André Araújo é um músico e artista visual, nascido no Porto em 1999. O seu trabalho centra-se na relação entre o som e a imagem como veículo para abordar as questões sociais e os temas da memória. Opressão/repressão, violência, política e sociedade.
Músico de formação, toca flauta desde a infância, o que culminou nos seus estudos no conservatório de música do Porto onde transitou da música Clássica para o Jazz. Teve o prazer de estudar com vários músicos emblemáticos portugueses, tais como: João Pedro Brandão e Paulo Gomes. Depois de tocar em diferentes palcos e grupos em Portugal-incluindo a 150 Festa do Jazz do São Luiz, adicionalmente, ingressou no KONINKLIJK CONSERVATORIUM BRUSSEL (Conservatório Real de Bruxelas,f Bélgica) onde completou a licenciatura em Jazz (CUM LAUDE) com John Ruocco como seu mentor.