Relva é uma aldeia da freguesia de Monteiras, localizada num planalto a mais de 900 metros de altura, entre a Serra do Montemuro e a Serra de Leomil. É terra adequada ao centeio e à pastorícia de gado ovino, sendo que, dada a sua altitude, é caraterizada por longos invernos de frio e neve, os quais, ao longo dos séculos, tornaram as suas populações resilientes e com uma impressionante capacidade de adaptação às circunstâncias. Relva é também uma aldeia muito bairrista, conhecida pelos seus cantares ao desafio, que ultrapassam as fronteiras do concelho, e também por uma comunidade de atuais e antigos emigrantes (em Lisboa, na Suíça, etc.) que defendem com galhardia a sua terra.
A Relva tem a particularidade de contar com um museu etnográfico privado, criado por iniciativa do senhor Ilídio Magueja. As origens do Rancho Folclórico e Etnográfico da Associação Desportiva, Cultural e Recreativa Relvense remontam a tempos em que a juventude costumava juntar-se, por alturas do São João, em cortejos cujo objetivo era o de pedir esmola para o santo. Segundo o texto de apresentação do rancho, escrito pela Prof.a Helena Magueja, “a mocidade, abundante nessa altura, desfilava pelas ruas da aldeia, em fila e em traje de festa, sendo que rapazes e raparigas se colocavam em formatura lado a lado, formando pares.
Os moços ostentavam as notas no chapéu enquanto que as moças levavam as notas da esmola seguras com um alfinete ao peito da blusa.” O rancho começou, oficialmente, a sua atividade durante uma apresentação na feira anual da Senhora da Ouvida, em 3 de agosto de 1978, tendo estado associado à Casa do Povo de Castro Daire entre 1978 e 1988. A partir de 1988, passou a estar integrado na Associação Desportiva, Cultural e Recreativa Relvense.
Quanto aos trajes, o texto de apresentação do rancho refere a sua pouca exuberância cromática, em linha com a aridez da paisagem, o que é sinal de coerência etnográfica. Quanto às danças e cantares, o mesmo texto refere que “são humildes como as gentes que as dançam. As modas tradicionais são as cantigas de andar às modas ou seja as danças de roda, como a “Moda Nova”, “Anda lá para diante”, entre outras. O “Fado ao desafio” e a “Chula” são igualmente património cultural deste grupo de folclore.”
ANDA LÁ PARA DIANTE (DÁ-ME AS TUAS, TUAS MÃOS)
Moda que relata as desilusões de amor que aconteciam entre rapazes e raparigas.
Refrão
Dá-me as tuas, tuas mãos
Dá cá, toma lá
Toma lá este raminho
Ó que bem que te fica
Anda lá para diante
Que eu atrás de ti não vou
Não me pede o coração
Amar a quem me deixou
Refrão
O meu amor me deixou
Ninguém diga coitadinha
Deixou-me por eu ser pobre
Outro defeito não tinha
Refrão
Ó lampião da esquina
Alumia cá p ́ra baixo
Eu perdi o meu amor
Às escuras não o acho
Refrão
Ó senhora bandeirinha
O seu caldo cheira bem
Dê-me uma malguinha dele
Por alma de quem lá tem