Cabril é a freguesia mais distante da sede do concelho de Castro Daire, estendendo-se por vales e montes situados entre a Serra do Montemuro e a margem direita do Rio Paiva. É excelente terra de cultivo e de pastagens para gado bovino, caprino e ovino, tendo uma grande abundância de água, que cai das faldas xistosas da serra até ao Rio Paiva. Cabril é terra muito antiga, tendo sido a sede do antigo Mosteiro de Baltar, instituído no século XII (daí o topónimo “Mosteiro” ainda existente) e detém um considerável património industrial ligado à exploração do minério de volfrâmio: as antigas minas de Cortiças, Fragas de S. Martinho, Furnas e Pedreiras da Torre.

O Grupo Folclórico de Santa Maria de Cabril foi fundado em 1970, na sequência da festa de 15 de agosto do ano de 1969, para ajudar os mordomos a angariar fundos na quermesse para realizarem a festa em honra da padroeira, Nossa Senhora da Assunção, formando um grupo da Tulha Nova para participar no respetivo cortejo.

No ano de 1982, o Grupo Folclórico de Santa Maria de Cabril passou a fazer parte da Casa do Povo de Cabril, altura em que o Prof. Jorge Teles integrou este grupo e na qualidade de Presidente uma vez que tinha o mesmo cargo na Casa do Povo. O grupo foi gradualmente sedimentando o seu papel na defesa de uma das tradições musicais e folclóricas mais ricas da região, para o qual contribuiu o interesse que gerou junto de renomados etnógrafos e folcloristas como Pedro Homem de Mello e Miguel de Almeida e as múltiplas presenças em emissões de rádio e televisão, desde os anos 70 do século passado.

O Grupo Folclórico de Santa Maria de Cabril granjeou, ao longo dos anos, o estatuto de um dos mais altos símbolos do folclore da Beira Alta, tendo-lhe sido atribuído o título de Sócio Efetivo da Federação do Folclore Português em janeiro de 1996 e tendo representado a região em múltiplas edições do festival europeu de folclore Europeade, incluindo a de 2018, realizada em Viseu e para a qual foi decisiva a reputação internacional do grupo. Foram igualmente, memoráveis as digressões do grupo na Califórnia (Estados Unidos), no Brasil e junto de muitas comunidades de emigrantes na Europa.

O reportório do grupo é cantado e dançado com alegria contagiante, pois eram assim as gentes do campo, as quais faziam autênticos hinos de louvor ao trabalho. Ao longo dos primeiros anos, houve sempre a preocupação em melhorar os trajes aproximando-os, cada vez mais, da forma como as gentes de Cabril se apresentavam. Desde o início que duas das suas danças sobressaem – A Contradança e a Chula de Cabril, representando ambas um tesouro cultural ímpar.

OLHA A MINHA CHINELINHA

Dança de roda e de terreiro, saltitante, dedicada à chinelinha da mulher. Esta dança tem uma melodia romântica e de saudade.

Olha a minha chinelinha
Que anda sempre na dança (bis)
Ó i ó ai ela corre e vai correndo
Ó i ó ai ela corre e não se cansa (bis)

Olha a minha chinelinha
Salta aqui salta acolá (bis)
Ó i ó ai faz lembrar duas cantigas
Ó i ó ai trai la ri la ri ló lá (bis)

Olha a minha chinelinha
Tem a fivela no centro (bis)
Ó i ó ai faz lembrar duas cantigas
Ó i ó ai que cantavam noutro tempo (bis)

Olha a minha chinelinha
Que para mim tem valor (bis)
Ó i ó ai não a percam vejam lá
Ó i ó ai quem ma deu foi meu amor (bis)