Tal como aconteceu em muitas zonas rurais do interior, a emigração constitui há muitas décadas uma realidade bem presente no imaginário castrense, tendo em conta os milhares dos seus habitantes que rumaram para outras paragens, mais ou menos distantes. Um dos fluxos de emigração mais expressivos foi aquele do campo para a cidade, concretamente de gente oriunda das muitas aldeias da Serra do Montemuro que emigrou para a zona oriental de Lisboa, onde hoje se situa a freguesia de Marvila, para trabalhar em fábricas, armazéns, na estiva, em pequenas mercearias e em tantos outros mesteres.
Dada a presença na zona oriental de Lisboa de muita gente oriunda de Castro Daire, um conjunto de pessoas empreendedoras decidiu criar uma casa regional dedicada à promoção das tradições castrenses na capital: a Casa do Concelho de Castro Daire, cuja escritura de fundação foi outorgada no dia 14 de dezembro de 1991 e cujas instalações na Rua do Vale Formoso de Cima, n.o 94 foram cedidas pela Câmara Municipal de Lisboa, em 2006.
Entre muitas atividades desenvolvidas ao longo dos anos, destaca-se a iniciativa “Castro Daire Abraça Lisboa”, um evento anual de divulgação das tradições castrenses na capital do país, por onde passaram, nas suas muitas edições desde 1992, todos os ranchos folclóricos do concelho, alguns inclusivamente entretanto desativados. Em 1993, ano seguinte ao primeiro evento “Castro Daire Abraça Lisboa”, foi constituído o Rancho Folclórico e Etnográfico da Casa do Concelho de Castro Daire, precisamente como forma de preservar e valorizar as danças e os cantares do concelho junto da população que habita em Lisboa, seja ou não de origem castrense. O rancho interpreta algumas das mais representativas modas originárias de Castro Daire.
O VIRA DE ALVA
O Vira é caraterístico da generalidade do país, mas em Alva podemos ver dançar o Vira rodado.
Refrão
O Lari ló lé lá
Eu venho d’arada
C’uma bota rota
Outra arremendada
Ó Lari Ló Lé Lá
Eu sou com’ ó ujo
De dia estou preso
À noite é que eu fujo
1) Rapazes e Raparigas
Ai Rapazes e Raparigas
Dançai o Vira a rodar
Ai dançai o Vira a rodar
Refrão
2) Estas voltinhas do Vira
Ai estas voltinhas do Vira
São sempre boas de dar
Ai são sempre boas de dar
Refrão
3) Ó moças dançai, dançai
Ai ó moças dançai, dançai
Com vossas saias de roda
Ai com vossas saias de roda
Refrão
4) As vossas saias ó moças
Ai as vossas saias ó moças
Nunca estão fora de moda
Ai nunca estão fora de moda
Refrão
5) Meninas vamos ao Vira
O Vira da nossa terra
Este nosso Vira d’Alva
Em quatro letras se encerra
Refrão
6) Rapazes e Raparigas
Dançai hoje neste dia
Porque hoje é dia de festa
Nesta linda freguesia
Refrão
7) Dizemos adeus a todos
O Vira vai acabar
P’ró ano se Deus quiser
Poderemos cá voltar