Nascido em 1962, em Calde, José Fernandes, filho de mãe solteira, fez a escola primária e frequentou a telescola, que conciliava com o trabalho no campo. Havia poucos recursos e a população subsistia da agricultura e da resina. Não havia água ao domicílio ou saneamento e a água era recolhida no chafariz, onde os animais também bebiam. “Não foi fácil”, recorda.
Permaneceu na sua terra Natal até aos 16 anos. Sendo uma época em que havia falta de emprego, sentiu-se na obrigação de emigrar. Foi para a Suíça, para o cantão alemão, onde o padrasto lhe arranjou um contrato na construção civil. “Para mim foi tudo novo. Ia com os olhos cegos”, diz, acrescentando que “com a emigração começou a ter uma vida melhor”. Embora nada tivesse a ver com o trabalho daqui, adaptou-se bem. Trabalhava oito horas por dia e à noite ajudava o casal de agricultores onde vivia, recebendo em troca ajuda com o alemão. Viriam a ser seus padrinhos de casamento, em agosto do ano seguinte. A sua esposa acompanhou-o para a Suíça, a família começou a crescer e o casal teve dois filhos.
“O meu objetivo era o de ganhar dinheiro para fazer uma casa. Depois comprar um carro. Depois era mais isto. E fomos ficando estes anos todos. Começámos a acomodar-nos porque a qualidade de vida era outra. A Suíça para mim foi uma escola. É um país espetacular”, salienta José Fernandes, destacando a facilidade que teve em integrar-se e em criar laços. Foi artista, mestre e contramestre.
Em 1995, a família decidiu regressar, pois o filho mais novo ia começar a escola e a filha o 5º ano.
Apesar de vir “outra vez com os olhos fechados”, José investiu no ramo da construção civil e tornou-se um empresário de sucesso, com um percurso também na política local.