Ester Vargas, natural de Lisboa mas com raízes familiares em São Pedro do Sul, onde reside desde 1977, teria uns quatro anos quando esta taça foi comprada. E rapidamente passou a ser “quase um objecto mágico”.
Era aqui que a sua mãe batia os bolos. “Na altura não tínhamos esta profusão de doçuras, portanto quando a mãe fazia um bolo era dia de festa”, conta, acrescentando que fazia questão de estar sempre por perto. Neste conjunto de memórias visuais, afetivas e olfativas, o momento áureo chegava no fim, quando podia rapar o resto da massa que ficava na tigela.
Quando a irmã nasceu, com a diferença de 9 anos, passou a ter uma concorrente, com as quezílias saudáveis próprias da idade. Também por isso, a tigela, apesar de “muito simples”, “tem grande valor”, sendo “reflexo de tantos momentos de ligação familiar” que acabaram por ficar bem vincados.
“Está associada a momentos muito significativos da minha infância e juventude, cujas memórias estão bem vivas e que, de certo modo, libertam a minha mãe da morte”, frisa Ester Vargas, que realça a sorte de “ter uma mãe a full time”. Esse aspeto viria a marcar o seu crescimento, abrindo-lhe horizontes. “Talvez por isso tenha enveredado pelas Línguas Estrangeiras enquanto porta para uma nova forma de pensar, uma nova forma de estar e de entendimento entre os povos”, conclui.