Luís Val Flores, médico hidrologista, considera-se um “caldense de coração”. Foi aqui que fez a sua formação em ambiente hospitalar e a pós-graduação em Hidrologia, e trabalha na estância desde a sua reabertura.
Além de ter sentido a necessidade de apostar na “promoção da saúde e não só tratar a doença”, considera que esta “é uma forma holística que trará melhores resultados”.
O uso da água como forma de tratamento, recorda, é conhecido desde os nossos antepassados, na Grécia e Roma antigas, e explica-se pela influência que as suas propriedades físico-químicas têm no organismo.
No caso das Caldas da Rainha, destaca que a “sua componente sulfúrea é altamente indicada para o tratamento de doenças respiratórias e para a parte musculoesquelética”, podendo, “sob prescrição e observação médica, pelos seus efeitos tróficos e de estimulação da mucosa, também ser usada na parte digestiva e da pele”. E recorda que, na sua génese, em contexto de hospital termal, eram conhecidos “os seus efeitos do ponto de vista da regeneração tecidular”.
O impacto no organismo, adianta o clínico, explica o facto de a consulta ser obrigatória antes da cura termal, que tem de ser prescrita e supervisionada.
O paradigma das termas parece estar a mudar, salienta Luís Val Flores, considerando que a procura “já não está circunscrita só a faixas etárias mais elevadas”. “Constatamos que tem havido um incremento da promoção de saúde de faixas etárias mais jovens. As pessoas e a população em geral estão a despertar para novas modalidades de promoção de saúde e tratamento e profilaxia da doença. Isso satisfaz-nos obviamente e constatamos que tem claros benefícios e efeitos comprovados”, destaca, acrescentando que, na pandemia, face às sequelas provocadas pela infeção por covid-19 do ponto respiratório e muscular, têm chegado novos aquistas, até referenciados por outros clínicos, o que tem levado à “abordagem termal como um coadjuvante na recuperação”.