As águas das Termas das Caldas da Rainha, com as suas propriedades curativas reconhecidas desde o século XV, “são totalmente diferentes das comuns” e classificam-se como cloretadas sódicas, possuindo à volta de 6 g/ litro de sal. O seu caraterístico cheiro a enxofre também faz parte dos traços distintivos, que o hidrogeólogo José Carvalho considera “magníficos”.
O recurso emerge a uma temperatura de 35 graus. “Tudo isso mostra que têm de ter uma origem diferente das águas subterrâneas comuns e das superficiais”, salienta o especialista, salientando que a história geológica destas águas é já bem conhecida e “baseada em estudos que indicam que se infiltram na Serra dos Candeeiros, a nascente”. Demoram cerca de 1500 a 2000 anos a chegar à zona de emergência e, durante este período, circulam lentamente, em profundidade, a cerca de 2000 metros, enquanto ganham a mineralização e temperatura próprias.
Conta José Carvalho que uma captação não é “um simples buraco no chão”. Pelo contrário, “os furos são o coração do sistema”. De acordo com o hidrogeólogo, trata-se de “uma obra de engenharia, exige um projeto que dimensiona a profundidade, o diâmetro e os materiais, que têm de ser o mais inertes possível, para não adulterarem as propriedades físico-químicas da água”. Segue-se a próxima fase, em que, “depois de captada, é preciso conduzi-la ao balneário nas condições em que está na natureza”. “É uma tarefa difícil. Exige disciplina, rotinas e um sistema de monitorização, para garantir quantidades adequadas, a conservação do recurso, parâmetros físico-químicos e o controlo microbiológico”, revela.
Num período de desafios para o termalismo de futuro, o responsável não tem dúvidas de que “as Caldas da Rainha têm condições únicas para se reafirmarem como um importante polo termal português e, porque não, europeu”.