A vida de Maria do Carmo Campos foi feita de dificuldades, de luta e de reinícios. Nasceu em 1948, em Várzea de Calde (Viseu), onde recorda uma infância difícil.
Quando casou, em 1977, o casal começou, aos poucos, uma casa na aldeia.
Entretanto, quando o seu marido emigrou para a Venezuela, onde trabalhava na construção civil, Maria do Carmo ficou em Portugal com os dois filhos. Poucos anos depois, a família voltou a reunir-se, do outro lado do Atlântico. A sua função passava por limpar o edifício e cuidar do jardim do prédio onde moravam. Ali permanecerem durante 9 anos, altura em que nasceu o terceiro filho.
O seu marido abriu, então, um café com comida rápida. E embora a emigrante recorde que Caracas tinha “uma temperatura maravilhosa”, as dificuldades eram muitas e agravadas pelo rebuliço social e a criminalidade.
Sucessivas vezes, foram recomeçando, apostando em espaços por conta própria, ligados à restauração, de que recorda as texturas, os ingredientes e os cheiros muito caraterísticos.
Apesar de falar de um “país maravilhoso”, a instabilidade política tinha fortes implicações económicas e sociais, o que os levou a querer regressar às raízes. Como gostava da vida na Venezuela, readaptar-se não foi fácil, até porque não notou grande evolução na sua aldeia. Hoje pensa que foi uma decisão acertada.