A freguesia de São João da Serra situa-se junto à Estada Nacional n.º 227, que liga São Pedro do Sul e Vale de Cambra, distando aproximadamente 13 quilómetros da sede do concelho (Oliveira de Frades), 23 quilómetros de São Pedro do Sul, 30 quilómetros de Vale de Cambra, 20 quilómetros de Sever do Vouga e 30 quilómetros de Arouca, sendo historicamente um lugar de transição entre a Beira Alta e a Beira Litoral, por onde passavam muitos almocreves, ou seja, negociantes.
São João da Serra localiza-se na margem do rio Vouga, estendendo-se numa das encostas da serra da Gralheira. Aquele rio, a sul e o rio Teixeira, a ocidente, constituem duas fronteiras naturais que trazem desde tempos imemoriais abundância de águas para irrigação dos campos e para fazer girar os rodízios dos moinhos e dos pisões.
No início do século XVI a freguesia de São João da Serra aparece integrada na freguesia de Sejães. Pertenceu ao concelho de Lafões, extinto em 1839, pertencendo ao atual já em 1852. Foi curato da apresentação do vigário de Oliveira de Frades. Hoje, eclesiasticamente está anexa a Valadares, na diocese de Viseu.
A etnografia e os cantares polifónicos de São João da Serra enquadram-se nas modalidades praticadas em muitas aldeias dos maciços da Gralheira, Arada e Freita. sendo, por exemplo, de notar claras semelhanças com Manhouce nos trajes utilizados e no cancioneiro local de São João da Serra, a que não é alheia a proximidade geográfica entre ambas as localidades.
O Rancho Folclórico de São João da Serra foi fundado a 20 de janeiro de 1982, por iniciativa de um conjunto de pessoas da aldeia que pretendiam preservar as tradições locais e transmiti-las às novas gerações. Como é prática corrente na maioria dos ranchos folclóricos, o primeiro passado constituiu a consolidação de um corpo de modas, de trajes e de aspetos etnográficos baseado em recolhas junto das pessoas mais idosas da freguesia.
O Rancho Folclórico de S. João da Serra tem uma cantata com variadas modas a três vozes polifónicas, tal como é usança na região e, desde a sua fundação, tem participado em inúmeros festivais, festas e romarias, de norte a sul do país.
Os cantares e os trajes de São João da Serra foram, tal como os de Manhouce, influenciados pelo facto de a freguesia ser local de passagem de almocreves que vinham do litoral, nomeadamente vendendo peixe, atravessando o rio Teixeira, num local designado por Vau e calcorreando a calçada romana até S. Joane, na sede da freguesia.
Dos trajes do rancho destacam-se o de noivos, em que o homem enverga um fato preto , camisa branca, chapéu e sapatos, enquanto que a mulher veste saia preta de armur, blusa de seda branca, mantilha, chinelas, meias brancas de renda e xaile de fitas; o traje dos ceifeiros, em que o homem usa calça de cotim, camisa de riscado, lenço tabaqueiro, chapéu de palha e tamancos e a mulher veste saia de riscado, blusa de chita, avental às riscas, lenço na cabeça, tamancos, uma foicinha e uma corda à cinta; ou ainda o traje domingueiro, em que o homem veste calça preta de fazenda, colete e camisa de linho, chapéu preto e sapatos, enquanto que a mulher enverga uma saia preta com fitas blusa com rendas, chinelas, meias, lenço chinês e chapéu de plumas.