No troço do rio Vouga que passa junto à aldeia de Paraduça (freguesia de Calde, município de Viseu) existe um conjunto de engenhos que aproveitavam a força da água para produzir energia motriz com fins distintos: dois moinhos de água e um pisão. Com a intervenção da associação local, foi possível reunir três familiares dos antigos herdeiros deste pisão, chamado de pisão do redeiro: Ângelo Lourenço, José Lourenço e Américo Vilar. O nome dado ao pisão,”do redeiro”, tem a ver com o facto de, em tempos antigos, a família herdeira se ter especializado precisamente no fabrico artesanal de redes de pesca. Um pisão é um edifício e engenho que conta com uma roda vertical movida a água, colocada numa das paredes exteriores, cujo movimento faz, no interior, levantar dois maços de madeira suspensos numa armação e que caem alternadamente num tecido de lã para que fique “pisoado”, ou seja, para que a sua teia fique mais apertada, uniforme e feltrosa, como acontece no burel (tecido de lã impermeável usado, por exemplo, para confeccionar as capuchas das pastoras serranas).
Entrevista conduzida por Liliana Silva em 29 de setembro de 2021. Registo audiovisual de Liliana Silva. Edição audiovisual de Liliana Silva e Luís Costa.