A nossa experiência com a pandemia global, a atingir o seu terceiro ano, mostrou-nos a grande substância e valor que os arquivos online acessíveis e pesquisáveis constituem para artistas e investigadores, bem como para qualquer pessoa com curiosidade e desejo de explorar virtualmente o mundo, tanto geograficamente quanto temporalmente.
Um arquivo pode ser um lugar? Algures entre o virtual e o físico, um lugar que podemos visitar, interpretar, moldar com a nossa perceção e a nossa arte. Um lugar onde possamos encontrar uma conexão e estar conectados, ser transformados por uma experiência e deixar algo em troca.
Pode uma residência artística em contexto rural na região portuguesa de Viseu Dão Lafões, encetar uma translação experimental e experiencial do Lugar Físico para o Lugar Virtual, promovendo uma residência especificamente realizada dentro dos seus arquivos digitais, tornando este lugar virtual sensível ao mundo físico? Os possíveis conceitos de pesquisa poderão incluir o virtual e real, o aqui e o ali, a ruralidade digital, o que é um arquivo, arte e arquivo, empatia no arquivo, arquivos úteis para a educação, lugar e espaço nos arquivos, ouvir no arquivo, a vida rural enquanto arquivo, o arquivamento da vida rural, ecologias no arquivo, arquivar enquanto metodologia na arte, representações sensoriais e políticas de um arquivo etnográfico e exploração dos temas das principais coleções do arquivo.
Ao longo do ano de 2022, o Arquivo Digital Binaural Nodar teve destino, um lugar exterior para aceder e descobrir virtualmente, permanecendo em casa. A residência esteve aberta a artistas, estudantes, investigadores ou educadores para explorar, descobrir e criar, com apoio e orientação em termos linguísticos, de localização, de temas, de sons, de imagens e outras pesquisas de documentos, de transcrições e traduções de histórias orais, de pesquisa e descrição dos contextos dos locais reais representados virtualmente no arquivo.