Realizada numa das minhas caminhadas, a gravação “Windline” captura o som do vento a soprar numa mata de eucaliptos muito altos, no cume da montanha situada por cima da residência da Binaural/Nodar. Nesta gravação, o que me interessa é a “mão composicional” do vento, a qual, dependendo da sua velocidade e direcção, introduz ou apaga vários fluxos de som emergindo do vale abaixo.
Em momentos diferentes da gravação, ouvimos sinos de igreja, chocalhos de vacas e mesmo um avião entrando e saindo gradualmente do campo estéreo em função das rajadas de vento nas árvores. Também apreciei o sentido estonteante do vento, que fazia mover a imagem estéreo de um extremo ao outro, com as suas descargas de energia repentinas.
A outro nível, escolhi esta gravação no contexto do meu trabalho com diferentes colorações de ruído (por exemplo, branco, cor-de-rosa, castanho, azul), encontrando aqui um análogo natural nas várias vagas de ruído emergindo dos eucaliptos, com as suas folhas agitando-se violentamente nas explosões de vento que varriam a montanha, desde o fundo do vale.
“Windline” oferece um antípode ao meu trabalho “Any Way the Wind Blows”, ao sair no nível micro da presença vibratória inconsciente do vento para a propulsão completa de um campo sonoro.