Esta aldeia tornou-se um verdadeiro paraíso terreal, onde os olhos se cansam de tanta beleza, tanta verdura; onde se cheira a fartura do entusiasmo e o aroma do rosmaninho e dos alecrins floridos, onde se saboreia o puro mel de urze produzido nas Serras da Manga e Crasto, o perfume do ardente vinho novo, onde o sentimento estremece de emoção perante a extraordinária riqueza do seu património cultural, da sua etnografia dos seus usos e costumes.

No seio da referida aldeia, um grupo de pessoas dotadas do mesmo espírito cultural decidiu formar um grupo de cantares regionais, o qual mais tarde se veio a denominar “Grupo de Trajes e Cantares de Loumão”. Assim, no início de 1995, fazem-se algumas recolhas, realizam-se diversos ensaios e, a 18 de agosto desse ano, sobe ao palco para fazer a sua primeira atuação pública.

Daí para cá tem feito dezenas de atuações culturais, encontros de grupos de cantares populares, de cantadores de janeiras, cantadores de amentar as almas, um pouco por todo o país. O grupo efetuou também o seu percurso fora de portas, de que se destaca uma digressão pelo Luxemburgo, em junho de 2010.

O Grupo de Trajes e Cantares de Loumão realizou a sua primeira gravação em cassete no final de 1999, tendo mais tarde levado a cabo um novo trabalho, publicado em CD e em cassete, cujo lançamento ocorreu no dia 6 de junho de 2004.

O grupo detém um imenso arquivo de canções recolhidas e atualmente é composto por 26 elementos de diversos escalões etários e continua com recolhas de cantigas, bem como de lendas, rezas e orações, que fazem parte do património histórico/cultural desta região, preservando e divulgando a maior riqueza que um povo pode receber dos seus antepassados: a sua entidade cultural vincada nos seus usos e costumes.

Santas Festas

I
Viemos pr’aqui de longe
Com destino de cantar
Com licença meus senhores
Que nós vamos começar.

Como amigos de Loumão
Vos viemos visitar
Queira Deus que d’hoje a um ano
Ninguém falte neste lar.

Refrão:
Boas festas, santas festas
Nós aqui viemos dar
À terra destes senhores
Se as quiser aceitar.
(Bis)

II
Esta casa é caiada
Forradinha de cortiça
Os senhores que estão lá dentro
Tragam vinho e chouriça.

Ó minha rica senhora
Cumpra a sua obrigação
Meta a mão à salgadeira
Puxe lá o salpicão.

(Refrão)

III
Quem diremos nós que vive
No pezinho da cereja
Aos senhores que estão lá dentro
Largos anos se deseja.

Esta vai por despedida
Na folhinha do codeço
Viva toda esta gente
Que p’lo nome não conheço.

(Refrão)