Várzea de Calde, primavera de 2019. Registo sonoro integrado numa série de gravações realizadas para o projeto Viseu Rural 2.0 e para o Arquivo da Memória de Várzea de Calde, cujo tema principal são diversos usos e conhecimentos sobre plantas: medicina, culinária, construção de ferramentas, rituais, jogos, etc.
Enquanto Mariana Campos e Lúcia Ferreira coram as meadas de linho, conversamos sobre algumas ocasiões em que se oferecem flores. Algumas são para o jardim, mas em certas ocasiões, colocam-se num vaso, na cozinha, por exemplo, para receber o Nosso Senhor.
Na época da Páscoa, realiza-se uma espécie de procissão com os “ministros da comunhão” e Nosso Senhor vai entrando nas casas da gente que a recebe. Existem outras duas ocasiões em que as flores saem dos jardins ou se compram: para colocar “um raminho” em cima dos mortos ou para levar uma coroa, dependendo do vínculo que as pessoas tivessem com o doente ou com o defunto; a outra ocasião são os nascimentos. Antigamente levava-se à mãe que desse à luz, flores, um pão de trigo ou um quilo de açúcar.
Entrevista de Ana Rodríguez com Mariana Morgada de Campos (n. 1944) e Lúcia Fernandes Ferreira (n. 1949).